Projeto vai colorir a Cidade Baixa

Com a proposta de revitalizar o bairro, Cidade Baixa Arte Urbana surge para colorir casas e levar intervenções artísticas para a rua. Inaugurado na semana passada, o projeto surgiu do desejo de uma moradora de deixar a casa com o seu jeito. “Queríamos pintar a fachada, dar a nossa cara para ela, colorir e deixar bonita a rua também”, afirma a produtora cultural Edna Souza Luz.

Conversando com outros vizinhos (no grupo de whats Voz da Vizinhança), Edna percebeu interessados nessa arte. “Daí surgiu a ideia de desenvolver um projeto para colorir mais casas. Uma maneira de aproximar as pessoas e esse estilo, que ainda é pouco conhecido.” Ela ressalta que muitos confundem grafite com pichação, quando se fala arte urbana. “Os vizinhos ficam surpresos quando veem o trabalho pronto.”

A ação chega para dar oportunidade de deixar casas coloridas e com o jeito do seu morador. Até mesmo em prédios, em que se pode fazer flores, paisagens, algo que todos os moradores concordem. O ideal é estender a intervenção para vários pontos de Porto Alegre.

Para Carlos Wehn, morador da Olavo Bilac, a ação é sensacional. “O evento foi importante porque mostra a cultura portuguesa, mais uma de tantas etnias que temos. O bacana de ser na nossa rua é que o local passa a ser visto como de cultura, parceria de vizinhança e famílias, o que é muito importante. Se eu fosse dar uma nota, seria 10! Que venham mais eventos.”

Ressalta as canções portuguesas, o fado, a beleza da casa em si, com o grafite. “Transformou-se em uma parede viva. A gente tem vontade de ficar olhando ou adentrar, de tão bacana que ficou. Deixo os parabéns para Edna e ao Lucas.”

Curadoria

O curador é Lucas Anão, do Núcleo Urbanóide, responsável por juntar os artistas. “Teremos vários estilos de trabalhos. O projeto não tem uma data definida para acabar, vamos mantendo ele enquanto tivermos sonhos para realizar”, afirma Edna, que também é diretora de Cultura da Vizinhança na Calçada.

O Núcleo Urbanóide completa dez anos. Localizado na Lopo Gonçalves, 596, o grupo atua em oficinas, mutirões, pinturas de bueiros, bocas de lobo, restaurantes, boates e casas de moradores. “Queremos proporcionar ao morador algo que ainda está muito distante”, diz o grafiteiro. “Já fizemos mais de um evento na escola Pão dos Pobres e no seu entorno. Sempre tivemos esse foco de transformar esta região em um circuito turístico.”

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Parcerias

Ele acredita que essas ações acontecem de forma orgânica e fluem com parcerias. “Venho, há muito tempo, pensando nesse projeto e, agora, surgiu a oportunidade de colocá-lo em prática. Queremos parceiros para oferecer a nossa arte e não precisar cobrar do morador. Já pintamos mais de 30 casas.”

Para ele, é emocionante ver a reação das pessoas. “Cada casa é uma realidade. A minha relação com os mais idosos melhorou. Eles entendem esta arte.” Lucas Anão explica que o grafite tem uma relação com quem passa por ali. “Até por isso o meu interesse de fazer o trabalho por um valor mais acessível para que as pessoas possam se aproximar dos artistas.”

A ideia é buscar patrocínio e parcerias para oferecer o trabalho a quem não tem condições de pagar pela arte. “A gente transforma lugares. Já pintamos presídios, escolas. Um projeto dessa magnitude tem a possibilidade de atingir mais pessoas e traz unidade. São galerias a céu aberto.”

As empresas que quiserem ser parceiras do projeto podem entrar em contato com Edna pelo email da 7 Marias Produtora (setemariasprodutora@gmail.com) ou pelo watts (51) 98482-1871 ou, ainda, pelo email do nucleourbanoide@gmail.com.

Inauguração

O evento de inauguração do projeto aconteceu na rua Olavo Bilac, com uma tarde portuguesa, pois a fachada é uma paisagem de Lisboa, em homenagem à Casa de Portugal e à comunidade portuguesa. O público assistiu ao show do grupo Alma Lusitana e à apresentação do Rancho Folclórico da Casa de Portugal.

Fotos: Carla Santos 

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