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Pela vida, médicos defendem o tratamento precoce

Pela vida, médicos defendem o tratamento precoce

Grupo de médicos brasileiros lança manifesto em defesa do tratamento precoce (leia na íntegra clicando AQUI) e dedica-se a levar aos pacientes o melhor da prática profissional no enfrentamento da pandemia causada pelo coronavírus. O Médicos Pela Vida baliza suas ações analisando as melhores evidências disponíveis na ciência, pelo Código de Ética Médica, pelos princípios da bioética e posicionamento do Conselho Federal de Medicina.

Especialistas

O documento é assinado majoritariamente por especialistas que trabalham diretamente com os doentes de Covid19. Também o referendam colegas destes que, apesar de não estarem na linha de frente, apoiam a luta, além de profissionais médicos que estão submetendo seus dados para pesquisa, contribuindo com o conhecimento científico.

Uma das maneiras de se validar o efeito de um tratamento é fazer com que ele seja reprodutível. Os relatos de cidades e estados que adotaram as medidas para intervenção precoce na COVID-19 têm mostrado bons resultados, com a diminuição da carga sobre os sistemas de saúde. A exemplo de Búzios, que zerou as internações pela doença há 6 dias.

Ou seja, há menor necessidade de leitos ou de internação em UTIs. 

Segundo o documento, dentre as abordagens disponíveis na literatura médica para a COVID-19, existe o chamado tratamento precoce:

  • Iniciar com as medidas disponíveis o mais rápido possível, para minimizar a replicação viral
  • Utilizar uma combinação de drogas, visando reduzir o número de pacientes que progridem para fases mais graves da doença, diminuindo o número de internações, reduzindo a sobrecarga do sistema hospitalar, prevenindo complicações pós-infecção e diminuindo o número de óbitos
Valerie diz que é preciso estudar muito

O manifesto alerta que, definitivamente, não é uma promessa de “cura fácil”, pois lidamos com uma doença nova e de difícil manejo quando se agrava. Valerie Menezes Kreutz, pediatra com mestrado em Imunologia Pediátrica pela Universidade de Alberta (Canadá), foi uma das primeiras médicas brasileiras a assinar o manifesto e a se dedicar ao estudo da Covid. “No início de 2020, quando explodiram os casos na Europa, fiquei muito espantada com a rapidez do contágio. Percebi que precisaríamos nos preparar e ler muito.”

Dedicou até 14 horas por dia à leitura de artigos científicos sobre a doença que se espalhava pelo mundo. “Eu não consigo aceitar que não há nada a ser feito. Temos quase um ano desta doença. Temos de fazer algo, voltando a atenção para a saúde do paciente.” Entretanto, Valerie faz um alerta para os riscos da automedicação. “É preciso que o paciente busque um médico e, com ele, defina o melhor.”

Polarização

A especialista lamenta ainda a polarização da discussão. “Isso fez com que todos perdêssemos. Médicos também estão morrendo. E, como em muitas doenças, não há ainda um tratamento absoluto, mas temos de buscar opções, sempre alinhadas com o princípio de não causar danos ao paciente.”

Ela convida colegas para lerem e estudarem o assunto. “Há muito conhecimento sendo produzido e publicado diariamente, uns muito bons, outros nem tanto e outros ruins. Temos que ler e ter nossas próprias opiniões. Quem está na linha de frente hoje tem de perceber o que tem alguma chance de funcionar com riscos mínimos ao paciente.”

Vejo uma necessidade de trabalharmos juntos, esquecendo a agenda política. Medicina não pode ter partido. Ela é focada exclusivamente no paciente. 

Segundo Valerie, o profissional da saúde tem de tomar decisões fundamentadas em seu conhecimento e na relação médico-paciente. “Não pode se basear pela TV, imprensa ou política”, afirma. E desabafa que a situação não está fácil. “Um dos grandes problemas é não ter os medicamentos nos postos. Outro é a ridicularização por colegas de quem defende o tratamento precoce, que é uma opção médica garantida pelo Conselho Federal de Medicina. Está muito pesado.”

Preventivo

É importante manter a higienização das mãos e braços com sabão ou álcool gel a 70%, usar máscara e respeitar o distanciamento social. Entretanto, a médica ressalta que cabe ao cidadão buscar conhecimento e pesquisar históricos médicos antes de ficar doente. Cada um deve estar atento aos primeiros sintomas.

Caso apresente algum deles, precisa buscar ajuda profissional. Dos pacientes, 30% serão totalmente assintomáticos e 55% terão sintomas leves a moderados.

Valerie cita como tratamento preventivo uma boa alimentação, incluindo frutas cítricas – ricas em vitamina C, horas adequadas de sono e tentar diminuir o nível de estresse. Ressalta a importância de o nível de vitamina D estar bom. “Já Ivermectina e Hidroxicloroquina são recomendados a profissionais da saúde altamente expostos ao vírus.”

Primeira fase

Multiplicação viral – inicia-se por volta do 5º dia após o contágio. Os sintomas são:

  1. Síndrome gripal – tosse seca; febre; dor de cabeça persistente; desconforto na garganta, sensação de “bolo” ao engolir; dor muscular e torácica; náuseas, vômitos e diarreia; perda ou diminuição das forças ou da resistência do sistema nervoso; perda do olfato e/ou do paladar
  2. Manifestações neurológicas: Além da cefaleia persistente, outros sintomas menos frequentes foram relatados como tontura, sonolência, comprometimento da consciência, neuropatia periférica e epilepsia
  3. Manifestações dermatológicas – podem surgir em qualquer fase da doença e aparentemente não têm relação com a gravidade da moléstia, tais como: irritação na pele,
    placas eritematosas, lesões semelhantes a urticária, entre outros
  4. Relatos de dor abdominal intensa, dores no corpo, na cabeça e cansaço. Os sintomas podem ser combinados ou, muitas vezes, sutis, discretos, como um arranhão na garganta, confundido com uma simples rinite.

Segunda fase

Inflamatória (organismo começa a inflamar).

  1. Tem início entre 7 e 10 dias do início dos sintomas – podendo, às vezes, começar um pouco antes – , ainda pode estar ocorrendo replicação viral, mas já ocorre também inflamação pulmonar com o paciente ainda apresentando sintomas da fase 1. Há alterações clínicas como piora da tosse, sem diminuição das taxas de oxigênio, no entanto a tomografia (de preferência) ou radiografia de tórax podem revelar comprometimento de até 30% dos pulmões (vidro fosco). Nesta fase, o paciente ainda não apresenta falta de ar.
  2. Pode evoluir para comprometimento difuso dos pulmões com redução na taxa de oxigênio. Geralmente, o paciente já está sem febre (encerrou a replicação viral), mas apresenta tosse seca frequente e falta de ar com rápida e catastrófica evolução para a fase 3.

Terceira fase

Tempestade de citocinas – reação imune exagerada que o coronavírus causa no sistema imunológico, potencialmente fatal. Pode explicar porque algumas pessoas têm reação grave, enquanto outras experimentam apenas sintomas leves.

  1. Os primeiros sintomas de uma tempestade de citocina são febre alta, inchaço e vermelhidão, náusea e fadiga extrema.
  2. As citocinas são substâncias naturalmente produzidas pelas células do sistema imunológico para regular a ação imunológica, em particular para favorecer a reação inflamatória, que é uma resposta natural da defesa de um organismo acometido por uma agressão. Mas, no caso da “tempestade citocínica”, ocorre a aceleração deste processo com uma reação hiperinflamatória disseminada, que pode ser letal.
  3. Dificuldades para respirar, sensação de ter os pulmões esmagados e lábios ou face que começam a ficar azulados são sinais de alerta que devem levar a uma abordagem urgente em leito de terapia intensiva. O paciente evolui com insuficiência respiratória, coagulação intravascular disseminada, tromboses vasculares e microvasculares e septicemia com mortalidade acima de 80%.

Ao apresentar os primeiros sintomas, busque atendimento precoce.

Valerie explica que este deve ser feito preferencialmente na primeira fase, para tentar diminuir a evolução da doença. De acordo com a especialista, o ideal é que se usem medicações combinadas. “Muitas medicações não têm uso escrito na sua bula para aquilo, mas o médico pode ter a prerrogativa de usá-las para outras doenças. Óbvio que ele é o responsável por isso. Entretanto, se o profissional só repete a opinião de determinadas lideranças, sem estudar realmente os diferentes artigos, pode estar deixando de oferecer opções terapêuticas ao seu paciente”, afirma.

Médicos que fazem o atendimento precoce: 

No site do grupo Médicos pela Vida, tem a lista de quem realiza o atendimento precoce. Alguns deles, trabalham também com horários voluntários. Veja a lista completa clicando AQUI e buscando pelo seu estado. Além dos citados no link, há médicos atendendo por esse protocolo. Se você conhece algum, comente neste link para divulgarmos os nomes.

Ainda de acordo com Valerie, a maioria das pessoas vai se livrar dessa doença sem qualquer remédio. “Mas a gente não tem bola de cristal, e o pequeno número percentual em risco para essa doença em número absoluto pode colapsar um sistema de saúde. Se há uma opção de tratamento que tem possibilidade de, mesmo teórica, diminuir o agravamento do quadro, com baixo risco para o paciente, vejo – como médica – que tenho de tentar.”

Já ao paciente cabe a responsabilidade de se envolver em seu tratamento e, mesmo antes de adoecer, ter já escolhido seu profissional e conversado sobre o tema., chegando junto à melhor opção para o seu caso se adoecer”, finaliza.

Imagem de capa: Freepik 

Saiba mais: 

Vídeo do canal: Conectando os Pontos Saúde

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