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Leite impõe bandeira preta para todo o Estado
O governador do Estado, Eduardo Leite, suspendeu temporariamente o sistema de cogestão regional. Isso obrigará os municípios a adotar os protocolos da bandeira apontada pelo Distanciamento Controlado a partir de sábado. A medida foi tomada diante do crescimento de contágio de coronavírus e do pico de internações em leitos hospitalares desde o início da pandemia.
Tratamento precoce
No entanto, não houve questionamento sobre o tratamento precoce que, segundo alguns médicos, ajuda a evitar a progressão da doença para fases piores, que demandam leitos hospitalares. Conforme cirurgião ortopedista, que tem medo de represálias e não quer se identificar, do seu grupo de médicos no WhatsApp, todos contraíram o vírus.
“Somente quem não usou o tratamento precoce precisou de internação. Nós, que usamos antibiótico assim que surgiram os primeiros sintomas, não tivemos piora do quadro.” Por que então, alguns médicos dos locais de atendimento ao Covid não estão receitando o tratamento precoce aos pacientes que lá consultam?
Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini
A vigência do mapa da 43ª rodada será antecipada para sábado, colocando o RS em bandeira preta, nível mais grave do sistema gaúcho de enfrentamento à pandemia. “Tivemos um crescimento sem precedentes nas internações em leitos clínicos e de UTI, por isso, é tão importante que alinhemos medidas mais restritivas, e precisamos dos prefeitos agora”, disse Leite em reunião com prefeitos representantes das 27 associações regionais de municípios.
Falta capacidade hospitalar
A bandeira preta representa risco altíssimo para velocidade de propagação do vírus e esgotamento da capacidade hospitalar, em todas as regiões do Estado. A decisão baseia-se em uma nova salvaguarda devido ao nível crítico de leitos livres e do elevado crescimento na ocupação hospitalar. A nova regra impõe garantia de bandeira preta às 21 regiões quando a razão de leitos livres de UTI sobre leitos ocupados por Covid em UTI estiver menor ou igual a 0,35 em nível estadual.
Na reunião virtual, os prefeitos apresentaram sugestões, incluindo mudanças em protocolos. Segundo o governador, as questões serão levadas ao Gabinete de Crise, com possibilidade de divulgar atualizações para a próxima rodada. No entanto, apesar de muitos se manifestarem contra a suspensão da cogestão, Leite decidiu tomar a medida para fazer valer o alto nível de alerta.
No final da próxima semana, o governo convocará nova reunião com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para avaliar os resultados das ações adotadas. Além da queda temporária da cogestão, será mantida a suspensão de atividades não essenciais entre 20h e 5h, cujo horário foi ampliado a partir do diálogo com prefeitos. O governo derrubou também a Regra 0-0, onde municípios com zero internação e zero óbito nos últimos 14 dias poderiam adotar os protocolos da bandeira imediatamente anterior à da sua região.
Falta de renda
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, disse, nesta quinta-feira, em entrevista à Rádio Guaíba, que acatará a suspensão da cogestão adotada pelo governo estadual com as prefeituras para estabelecer, em conjunto, as ações de enfrentamento à pandemia. A medida vai vigorar até 7 de março, podendo ser prorrogada.
Eu respeito a decisão do governador, mas não concordo. Nós vamos seguir trabalhando para abrir leitos e salvar vidas. Mas, não podemos descuidar da falta de renda e emprego, que está sufocando Porto Alegre.
Melo tinha anunciado medidas ampliando o atendimento da rede hospitalar e ações para diminuir os indicadores de contágio. Dentre elas, a abertura de leitos, restrição de passageiros em pé no transporte público e implantação do trabalho remoto para órgãos e setores municipais.
Empresário da Cidade Baixa, que não quis ser identificado, emocionou-se ao falar da preocupação com os funcionários que trabalham em seu bar. “Eu consigo segurar mais um mês, mas depois disso, não tenho como manter as vagas. Alguns têm filhos para sustentar.” Segundo ele se forem mantidos os sistemas de tele-entrega e pague-leve será possível garantir os postos de trabalho.
O empreendedor ainda lamentou que, durante um ano inteiro o governo do Estado não se organizou para enfrentar o pior da crise na saúde devido à pandemia.