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Orquidário da Redenção é colocado abaixo

Destruído pelo temporal que afetou Porto Alegre em janeiro de 2016, o que restou do Orquidário Gastão de Almeida Santos (Parque Farroupilha) foi colocado abaixo hoje. O espaço, que apresentava riscos a quem circulava por ali, havia ficado com a estrutura muito comprometida. A área, com portão fechado desde então, acabou dando abrigo a usuários de drogas e assaltantes, que faziam vítimas no entorno.

As orquídeas restantes foram realocadas no viveiro municipal na Lomba do Pinheiro, no Parque Sant Hilaire. A transferência ocorreu aos poucos, logo após o vendaval ter derrubado um tronco de árvore sobre as plantas. O espaço está, primeiramente, passando por trabalho de remoção da estrutura, dos entulhos, transferência de monumentos e remanejo da vegetação. Logo após, será derrubada a cerca e aberta uma via que ligará o Lago ao Eixo Principal do Parque.

Lilian afirma que frequentadores precisam cuidar mais do parque. Foto: João Mattos
Lilian pede educação. Foto João Mattos

A moradora do bairro Santana, Lilian Monteiro afirma que, desde que veio de mudança para cá, em 2010, nunca entrou no Orquidário. “Deveria ser muito lindo, mas a entrada não era convidativa, mesmo tendo placa indicativa. É perto do laguinho, tem trânsito de pessoas, mas não me atraiu.” Ela sinaliza, ainda, que a Redenção – em geral – tem risco de assalto. “Há muitos homens vagando sozinhos em atitude suspeita, e os traficantes não se escondem mais. O que desencoraja o passeio.”

Mas ressalta que vê agentes da Guarda Municipal e da Brigada Militar circulando e que a Prefeitura faz um trabalho excelente de limpeza. “O parque é limpo e cuidado. A sujeira é depositada por frequentadores.” Segundo ela, especialmente aos domingos. “Quando é entregue limpo pela manhã e, à tarde, dá vontade de chorar ao ver tanto lixo pelo chão.”

Ela diz que é preciso inverter a situação. “Não é culpa da Prefeitura. O povo é incapaz de recolher o lixo que produz e reclama da sujeira da cidade.” Lilian diz que é o parque mais bonito de Porto Alegre. “Os frequentadores é que não estão à altura dele”, finaliza.

Trabalhos

Laudos de engenheiro civil – sobre as condições da edificação – e de engenheiro agrônomo – sobre a cobertura vegetal – deram base aos trabalhos de hoje, que contou com servidores da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams), Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), Guarda Municipal, dentre outros. A engenheira agrônoma da Unidade de Serviços da Smams, Aldenise Lopes, afirma que a ação é resultado de um árduo trabalho de meses. “São vários setores envolvidos para, principalmente, trazer segurança a este local.”

Aldenise Lopes, engenheira agrônoma da Smams, responsável pela unidade de serviços do orquidário da Redenção. Foto: Carla Santos
Aldenise afirma que os banheiros e duas salas permanecerão, pois não apresentam riscos em sua estrutura. Foto: Carla Santos

A engenheira agrônoma ressalta que a estrutura dos banheiros e salas será reformada. “Tomara que haja parcerias para que, logo, estejam ocupadas com atividades positivas aos usuários do Parque”, espera.

Moradora da Cidade Baixa, a farmacêutica Carol Bernardi, diz que o Orquidário estava quase sempre fechado e que pouquíssimas pessoas tinham conhecimento ou o frequentavam. “Não deve ser nada barato mantê-lo e estava sucateado. De repente, pode ser que venha por aí um espaço bem legal e melhor aproveitado”, pondera.

Declara-se apaixonada por orquídeas. Em sua casa, sempre tem uma (foto). “Não estou dizendo que o Orquidário era inútil, porque amo flores, apenas perdeu a finalidade.”

Deterioração

A coordenadora de Áreas Verdes da Smams, Gabriela de Azevedo Moura, relata que, quando o Orquidário foi inaugurado – em 1953 – era bem ensolarado e contava com servidores especializados em manejo de orquídeas. Ele já abrigou mais de 4,5 mil mudas de 45 espécies da planta. “Agora, estava em situação deplorável. Havia se transformado em foco de crack, sujeira e passou por um processo de deterioração, por falta de manutenção ao longo dos anos.”

Vera frequentava o orquidário. Foto João Mattos
Vera frequentava o orquidário. Foto João Mattos

Também morador do bairro Santana, o veterinário Lucas Brentano afirma que foi somente uma vez ao Orquidário. “Está tudo completamente destruído”, lastima.

Já a advogada Vera João, moradora do Farroupilha, lamenta o estado a que o espaço chegou. “Minha filha cresceu frequentando o local, onde havia muitas espécies de orquídeas, cores, perfumes…” Ela conta que compareciam todos os finais de semana. “As pessoas pararam de ir e os horários de visitas ficaram escassos. Na última vez que fui, há três anos, só eu estava lá.” Para ela, foi assim que um lugar lindo ficou destruído e declara-se órfã de uma beleza ímpar.

Segurança

Gabriela orienta que a vegetação de um parque precisa “conversar” com o ambiente. Isto é, tem de haver podas, iluminação e limpeza para que o local fique seguro aos frequentadores. Isso ajuda a espantar o mau frequentador, segundo a coordenadora. Ela afirma que as equipes estão aproveitando o material útil para outras áreas do próprio Parque.

“Promovemos visibilidade ao lugar, fazendo com que as pessoas transitem com mais segurança por ali. Isso gerará bem-estar maior aos usuários da Redenção.” A intenção é de que outras regiões do parque, que não tenham uso mais intenso, recebam diversas atividades. “A ocupação saudável do parque evita a ocupação que a gente não quer: de drogadição, de assaltantes.”

Projeto

Maurício: “Local será transformado”. Foto Joel Vargas/PMPA

Para o futuro, está prevista a transformação da área em um grande lounge. O secretário da Smams, Maurício Fernandes, informa que haverá concessão para reocupação da área do café, do Lago, interligando-os com o espaço antes ocupado pelo orquidário.

“Queremos que seja um ponto mais de exposição do que de viveiro, levando qualidade ao frequentador do parque.” Segundo ele, o projeto de concessões de áreas da Redenção será encaminhado pelo Executivo à Câmara Municipal na próxima semana.

De acordo com Gabriela, a Redenção oferece uma boa estrutura. “Mas quem leva vida ao local é a comunidade, com a ocupação positiva”, pontua. Ela prevê que os serviços básicos, a restauração de alguns monumentos e da própria administração sejam retomados a partir do segundo semestre. “Estamos levantando as necessidades do parque para que empresas interessadas na adoção se manifestem.

O Sinduscom vai fazer o restauro de alguns espaços. Ela diz que toda forma de participação público-privada é bem-vinda. “Abriremos a oportunidade de a comunidade participar mais.”

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6 Comentáriospara este Post

  1. Boa tarde .
    Meu nome é Sergio Luiz Amoretty Souza,médico pediatra aposentado e ORQUIDÓFILO a mais de quarenta anos.
    Por 3 vezes PRESIDENTE DO CGO (CÍRCULO GAÚCHO DE ORQUIDÓFILOS ) em diversas ocasiões compareci
    no Parque Farroupilha com a finalidade de auxiliar na tentativa de” fazer reviver ” o ORQUIDARIO .
    O CGO posicionou-se técnicamente contrário sobre a viabilidade de recuperação do mesmo devido ao sombreamento feito pelas árvores , que na podem ser removidas.vico
    As orquídeas nessecitam de luz solar para permanecerem vivas e florescerem bem.
    Sugerimos que o mesmo fosse locado em outra a área do parque mas informaram que não haveria
    esta possibilidade .
    Houve de nossa parte a sugestão de que a
    PREFEITURA construísse um orquidario moderno , inclusive com local para serem feitas exposições,
    Sugerimos ainda que o ideal seria construí no Parque Knor ,que tem ótima claridade para orquideas e segurança para os visitantes..
    Ainda está de pé o aconselhamento técnico GRATUITO do CGO , como sempre ocorreu.

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  2. Milton Geson

    Realmente, os problemas de segurança e conservação do Orquidário eram muitos, mas infelizmente aqui a máxima é destruir e não manter. Eu pergunto, se um dedo de qualquer um dos gestores responsáveis pelo espaço estiver infeccionado e necessitar de uma medicação cara ou cirurgia para que seja recuperado, será que ao invés disso irão cortar o dedo para sanar o problema? Acredito que não. Pois foi o que fizeram com o Orquidário, foi o que fizeram com o MiniZoo Palmira Gobbi. E é o que farão aos poucos com o objetivo de entregar a gestão do parque para a iniciativa privada. Só faltará a cerca e a cobrança de ingresso em uma das áreas mais tradicionais e de uso universal de Porto Alegre. Lastimável.

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    • Adriana Cunha

      Concordamos em tudo Gerson.. Já faz bastante tempo que as atividades orientadas por Biólogos e os cuidados feitos por funcionários foram abandonados .Os servidores se aposentam ou morrem…e a Prefeitura não refaz os seus quadros, não investe em políticas públicas. O último Servidor que enfrentou este desafio chamava -se Luis Fernando e fez de tudo para manter a chama acesa…. Mas Todos recebemos muitos baldes de água fria na gestão atual.E ainda temos que ouvir um discurso de parceria …onde o modelo é : a prefeitura banca e o parceiro ganha. No Parque Ramiro Souto não é diferente, sempre foi um trabalho árduo mostrar aos prefeitos a importância de políticas que tornem as Praças e os Parques locais aprazíveis e de promoção à qualidade de vida ! Já estão de olho lá há anos para transformar o local de Esporte , Recreação e Lazer em estacionamento para o Araújo, ( leia OPUS) . Felizmente a natureza é sabia e alí temos um lençol freático , que impediu a construção! E Não esqueçamos : O Parque Farroupilha é tombado , não são permitidas construções !

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  3. Moro a 300km de Porto Alegre, já visitei esse (falecido) Orquidário mais de 100 vezes, essa cidade é uma vergonha, ninguem tem respeito pelo meio ambiente, muito menos pelas pessoas, qualquer obra mantém o espaço público fechado com tapumes por anos (chafariz redenção, ponte histórica, gasômetro, orla, chafariz de novo…), tudo é transformado em estacionamento, shopping, comércio ou elitizado com algum projeto “brilhante” usando dinheiro público e entregue ao privado, conseguiram cortar o Parque Marinha do Brasil ao meio com uma duplicação asfáltica que poderia ser ao lado da antiga, conseguiram cortar dezenas de árvores próximas ao Gasômetro, esse Orquidário sempre foi abandonado pelos administradores, ficava apenas um zelador pra dar uma varridinha, abrir e fechar a porteira, só! Vergonha dessa gente. Ciclovias são projetadas por quem só anda de carro, verde está nas mãos de quem só pensa em concreto, parques tem o futuro destinado por quem vive no ar condicionado, vai de mal a pior, futuro ameaçado. Espero que um dia isso mude. Triste.

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  4. Hamilton Farias

    O que aconteceu no Orquidário reflete a maneira tosca como a Gestão Ambiental está sendo conduzida em nossa cidade. A falta de investimentos na manutenção da cidade e o perfil autoritário dos gestores/governo expõe uma concepção de quem só busca o lucro nas ações, o negócio mais fácil… a gestão ambiental então é uma piada de mal gosto. Durante a campanha eleitoral o nosso autoritário e infeliz prefeito declarou que não pretendia fazer concurso para contratar jardineiros… Não lhe importa que a Natureza seja um bem maior a nos exigir sabedoria, sensibilidade e preparo técnico! Penso que para ele o melhor seria cortar o mato e concretar o máximo, terceirizando a varrição… Poderia até ganhar algum dinheiro espalhando umas placas de propaganda… ora, nem pensar em jardineiros, basta explorar uma terceirização em tempos de reforma Trabalhista que acabou com a CLT!!!

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  5. FALHA DE MINHA PARTE :
    NO TEXTO QUE ESCREVI CITEI QUE O LOCAL IDEAL PARA OFERTAR À PORTO ALEGRE SERIA O PARQUE KNOR , AO INVÉS DO PARQUE GERMÂNIA.

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