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Restauro do Monumento da Praça da Matriz entra na fase final

A restauração da obra se iniciou em maio deste ano e tem previsão de entrega em final de novembro. 

A restauração da obra é feita com recursos do PAC Cidades Históricas do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) promovido pelo Governo Federal e custará R$1,1 milhão. A Associação Comunitária do Centro Histórico vem solicitando há anos melhorias no local.

A presidente da ACCH, Ana Maria Engers Lenz, agradece o empenho da coordenadora do PAC Cidades Históricas de Porto Alegre, Briane Bicca, que conseguiu o encaminhamento de licitações para as obras. “Na última vez, separamos as licitações em dois objetivos diferentes, com o valor total de R$ 4 milhões. “O restauro do monumento artístico e a restauração da Praça.” Briane explica que o acompanhamento da parte das obras da Praça foi delegado pelo IPHAN à Caixa Econômica Federal. A documentação – após aprovação da CEF – segue para o município licitar.

Enquanto isso, o Monumento a Júlio de Castilhos concebido, em 1913, entra na fase final do restauro. Criada pelo pintor e escultor carioca Décio Villares, a obra teve suas peças de bronze fundidas na França e representa coragem, prudência, firmeza, civismo e experiência de um dos mais influentes líderes políticos do nosso Estado. O Monumento, cercado pelo Palácio do Governo, Assembleia Legislativa, Catedral Metropolitana e o Theatro São Pedro, está localizado na Praça da Matriz.

Morador da região, 54 anos, que não quer ser identificado, reclama do descaso com a manutenção da praça. Para ele, as obras têm de seguir os prazos legais, mas a prefeitura poderia fazer a capina e manter a limpeza do espaço. “Tem ex-presidiários morando em plena Praça da Matriz. Eles estão fazendo uma capina aleatória, prejudicando árvores nativas e trazendo mudas de plantas sem autorização.” Segundo ele, as folhagens altas servem de esconderijo para armas, drogas e para alguns fazerem necessidades fisiológicas. “É um absurdo! Tudo acontecendo em frente aos prédios do Legislativo e Executivo do Estado. E é como se ninguém enxergasse!”

Lamenta a falta de cuidado com o local, que recebia excursões de alunos do interior quase que diariamente. “A praça foi se deteriorando ao ponto de diminuírem as visitas para conhecer os casarões, a sede do Governo, do Legislativo e o Theatro São Pedro.”  Pontua que o temporal de janeiro de 2016 só fez agravar a situação. “Caíram árvores, e gradis foram quebrados e não houve reposição.” Mas, antes disso, já havia pessoas dormindo ali, porque não era feita a manutenção.

Já a professora de música para bebês e crianças Paula Pecker diz que nunca pensou em se mudar para o Centro Histórico e, hoje, após sete anos morando em frente à Praça Marechal Deodoro é apaixonada pela região. “A gente sabe do que acontece, a Praça é um catalisador da essência da nossa cidade. Tudo: atos políticos, manifestações acontecem aqui.”

Mas vê com tristeza a situação a que chegou o local ao longo do tempo. “Os donos de cachorro não se sentem na obrigação de limpar os dejetos, a areia das crianças ficou suja demais, os moradores de rua trouxeram lixo. Não é dinheiro, o que falta é boa vontade.”

No início deste ano, quando cercaram o monumento e começaram a restauração, Paula percebeu que as obras tiveram várias visitas técnicas. “Pela maneira como se portavam no canteiro de obras, via-se que era gente com capacitação técnica para o trabalho. Tinha seriedade.” A professora pode observar da janela o cuidado da equipe para com o monumento e afirma que o trabalho está ficando excelente.

Ela relata que os vizinhos mais antigos contam histórias vividas na Praça, que era um local de convivência. “Era um lugar charmosos para se estar. A falta de manutenção dá um ar sombrio e remete à falta de segurança muito grande.” Paula diz ter muita esperança. “Aqui no Centro Histórico tem um senso de comunidade, que chega a ser emocionante. São pequenos grupos de vizinhos que se comunicam, ajudam-se e lutam para que o patrimônio público seja cuidado.

“Se o poder público der o primeiro passo, a comunidade fará a sua parte. Os moradores se orgulham muito da história.” Para ela, a reforma será o primeiro passo para a Praça da Matriz ter a importância que ela merece. Deseja que o local volte a ser um ponto de encontro das pessoas e de recepção histórica para as crianças que vêm com suas escolas do interior.

Fotos: João Mattos Fotografia
Texto: Carla Santos 

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